CARBONO MUSICAL 2: Waldir Azevedo - Um Cavaquinho Acontece (1960)

sábado, 4 de novembro de 2017

Waldir Azevedo - Um Cavaquinho Acontece (1960)

01 – Delicado (Waldir Azevedo)
02 – Contando Tempo (Waldir Azevedo)
03 – Pedacinhos do Céu (Waldir Azevedo)
04 – Carioquinha (Waldir Azevedo)
05 – Sonhos de Criança (Waldir Azevedo)
06 – Na Baixa do Sapateiro (Ary Barroso) 
07 – Brasileirinho (Waldir Azevedo) 
08 – Catete (Waldir Azevedo) 
09 – Meu Tempo de Criança (Waldir Azevedo) 
10 – Vê Se Gostas (Waldir Azevedo) 
11 – Queira-me Bem (Waldir Azevedo) 
12 – Amigos do Samba (Waldir Azevedo).

Waldir Azevedo (
Compositor. Instrumentista).
 27/1/1923 Rio de Janeiro, RJ 
 20/9/1980 São Paulo, SP

Na infância, passada no bairro do Engenho Novo, costumava apanhar passarinhos que depois vendia. Foi assim que conseguiu dinheiro para comprar seu primeiro instrumento, uma flauta, quando tinha sete anos de idade. Pouco depois, trocou a flauta por um bandolim e começou a se reunir com amigos para tocar música, aos sábados. Do bandolim foi para o cavaquinho, instrumento com o qual se tornaria conhecido nacionalmente anos mais tarde. 

Na década de 1930, quando o violão elétrico entrou na moda, abandonou o cavaquinho por algum tempo. Já que a flauta havia sido seu primeiro instrumento, não é de se estranhar que sua primeira apresentação em público tenha sido exatamente como flautista. Aconteceu no Carnaval de 1933, quando tocou "Trem blindado", de João de Barro, no Jardim do Meyer. Sonhava ser aviador, mas como sofria de problemas cardíacos pôs de lado os planos de aviação e conseguiu um emprego na Light, casando-se em 1945. Até meados da década de 1940, a música era para ele uma atividade de amador.

Iniciou a carreira artística em 1940 quando montou um conjunto regional e passou a se apresentar em diversos programas de calouros. Em 1942,  foi vencedor de dois concursos de calouros, um na Rádio Cruzeiro do Sul e outro na Rádio Guanabara. Na ocasião, recebeu nota máxima pela interpretação do choro "Camburá", de Pascoal de Barros ao violão. Foi contratado em seguida pela Rádio Guanabara. Em 1943, passou a atuar profissionalmente no conjunto regional de César Moreno. Logo depois do casamento, ainda durante a lua-de-mel em Miguel Pereira (RJ), em 1945, que soube de uma vaga para cavaquinista no regional de Dilermando Reis, em um programa da Rádio Clube do Brasil. Acabou sendo aceito por Dilermando que lhe passou a liderança do conjunto, dois anos mais tarde. No final da década de 1940, compôs o choro "Brasileirinho", quase que por acaso, que seria gravado com bastante sucesso tanto por ele quanto por Ademilde Fonseca.

Em 1949, trabalhando na Rádio Clube, que ficava no mesmo prédio da gravadora Continental, foi ouvido pelo diretor artístico da mesma, o compositor Braguinha, que o convidou a gravar. No mesmo ano, gravou com seu regional seu primeiro disco na Continental interpretando de sua autoria os choros "Carioquinha" e "Brasileirinho", este, por sinal tornaria-se um clássico da música popular brasileira com inúmeras regravações.  Em 1950, gravou seu primeiro disco solo na Continental interpretando ao cavaquinho os choros "Cinco malucos", de sua autoria e "O que é que há", de Dilermano Reis. Em seguida gravou, também solando ao cavaquinho,  os choros "Quitandinha", parceria com Salvador Miceli e "Vai por mim", de Francisco Sá e Risadinha do Pandeiro. No mesmo período, registrou com seu regional o baião "Delicado", outra de suas composições que se tornou não apenas um grande sucesso, como também um clássico da música popular, tornando-se um recordista de vendagens em 78 rpm e entrando para o hit parade da revista americana Cash box como uma das mais vendidas em todos os tempos.

Acompanhou também na mesma época, com seu conjunto, a cantora Ademilde Fonseca na
gravação do choro "Brasileirinho", que recebeu letra de Pereira Costa. Em 1951, gravou os choros "Pedacinho do céu", de sua autoria e "Camundongo", parceria com Risadinha do Pandeiro. Nessa época, formou um conjunto e gravou no mesmo ano o choro "Paulistinha" e o frevo "Cachopa no frevo", de sua autoria. No ano seguinte, gravou solando ao cavaquinho o choro "Mágoas de um cavaquinho", parceria com Fernando Ribeiro e a valsa "Chiquita", de sua autoria. Também em 1952, gravou com seu conjunto o choro "Vai levando", de Risadinha do Pandeiro e Jorge Santos e o baião "Mengo", parceria com Edinho.  Em 1953, gravou "Ave Maria com prelúdio", de Gounod e Bach, "Brincando com o cavaquinho" e "Vôo do marimbondo", as duas de sua autoria. Em 1954, gravou com seu conjunto, com vocal de Albertinho Fortuna, o samba "Já é demais", parceria com Jorge Santos e a marcha "Amigo do rei", de Alberto Rego e Norival Reis.  No mesmo ano, gravou na Todamérica com o Trio Madrigal o choro "Madrigal", de sua autoria. Ainda na Continental acompanhou com seu conjunto gravações de Aracy de Almeida e Dilermano Reis. Em 1955 gravou os sambas "Na baixa do sapateiro", de Ary Barroso e "Amigos do samba", de sua autoria e, com seu conjunto, os choros "meu sonho", de Risadinha do Pandeiro e "Conversa fiada", parceria com Jorge Santos.  Excursionou pela América do Sul e pela Europa, algumas vezes a convite do Itamarati, na Caravana da Música  Brasileira, criada pela Lei Humberto Teixeira. Excursionou ao Oriente Médio com o multiinstrumentista Poly. Teve músicas gravadas no exterior, principalmente em países como Japão, Alemanha e Estados Unidos. Neste último, o baião "Delicado" foi gravado por  Percy Faith e sua orquestra vendendo mais de um milhão de cópias. Participou de um programa na B.B.C. de Londres, Inglaterra, transmitido para 52 países. Em 1956, gravou com seu conjunto o samba "Para dançar" e o choro "Nosso amor", ambos de sua autoria. Em 1957, gravou o frevo "Evocação", do pernambucano Nelson Ferreira e o baião "Vai com jeito", de João de Barro. No ano seguinte, gravou em forma de baião a modinha "Luar de Paquetá", de Freire Jr. e Hermes Fontes. Em 1960 gravou os choros "Contando tempo", de sua autoria e "Catete", de Humberto Teixeira. No ano seguinte registrou com seu Quarteto, de sua autoria, o choro "Jogadinho" e a valsa "Você, carinho e amor". No mesmo ano, lançou o LP "Waldirizando", no qual interpretou, entre outras composições, a música título, "Balada oriental" e "A voz do cavaquinho", todas de sua autoria.  Em 1962 lançou com o multiinstrumentista Poly o LP "Dois bicudos não se beijam", no qual os dois interpretaram "Boogie woogie na favela", de Denis Brean, "A voz do violão", de Horácio Campos e Francisco Alves, "De papo pro ar", de Joubert de Carvalho e a música título, de sua autoria, entre outras. Em 1963 lançou "Longe de você", seu terceiro LP na Continetal, interpretando músicas como "Só danço samba", de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, "A lua é camarada", de Armando Cavalcânti e Klécius Caldas e "Pois não", de sua autoria. Na Continental gravou um total de 38 discos em 78 rpm. Em 1964 sofreu um grande revérs com a morte de uma das filhas e com isso diminuiu suas atividades artísticas. Em 1965, lançou o LP "Melodia do céu" pela gravadora Continental interpretando os choros "Turinha", "Guarânia sertaneja", "Você", "Melodia do céu", "Tema Nº 1", "Chorando escondido" e "Alvoroço", todas de sua autoria, além do clássico "Sofres porque queres", de Pixinguinha. Em 1967, retornou aos estúdios e lançou o LP Delicado" pela London/Odeon interpretando uma série de clássicos da música brasileira, entre os quais, a música título, de sua autoria, "Prelúdio para ninar gente grande", de Luiz Vieira, "Kalu", de Humberto Teixeira, "Asa branca", de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira e "A saudade mata a gente", de Antônio Almeida e João de Barro. Este é considerado por muitos, como seu último grande trabalho como instrumentista. Em 1970 aposentou-se como diretor artísitico da Rádio Clube do Brasil. Em 1971 mudou-se para a cidade de Brasília. No mesmo ano, sofeu um grave acidente com um cortador de grama, no qual quase perdeu um dedo, ficando afastado durante alguns anos das atividades artísticas. Em 1975 após cirugias corretivas e longas sessões de ficsioterapia conseguiu voltar às atividades artísitcas e gravou o LP "Melodia do céu" pela Replay/Continental interpretando inúmeras composições de sua autoria tais como "Turinha", "Guarânia sertaneja", "Melodia do céu" e "Chorando escondido".  Em 1976 gravou o LP "Minhas mãos, meu cavaquinho", título dado em homenagem à pintora Cléa Maria Novelino que pintou um quadro a ele dedicado com o mesmo título e que foi premiado em um salão de belas artes. Ao final da música título incluiu trechos da "Ave Maria", de Gonoud, num agradecimento ao seu restabelecimento e retorno à vida artística após o grave acidente em que quase perdeu o dedo anelar. Em Brasília teve contato com chorões da cidade e tornou-se um dos fundadores do Clube do choro da cidade.  Em 1977 lançou mais um LP pela Continental interpretando "Flor do cerrado", de aua autoria e uma homenagem à capital brasileira. No mesmo disco, interpretou "Brejeiro", de Ernesto Nazareth e "Chão de estrelas", de Sílvio Caldas e Orestes Barbosa. Em 1978 gravou o LP "Lamento de um cavaquinho", registrando entre outras composições o "Choro doido", de sua autoria, a "Valsa para uma rosa", de Avena de Castro, "Naquele tempo", de Benedito Lacerda e Pixinguinha e "Viagem", de Paulo César Pinheiro e João de Aquino. Em 1979 foi homenageado com um show comemorativo aos seus 30 anos de carreira numa grande roda de choro que contou com a presença de Paulinho da Viola; César Farias; Raphael Rabelo; Ademilde Fonseca; Arthur Moreira Lima; Copinha; Carlos Poyares; Isaías e seus chorões; Paulo Moura; Osmar Macedo e Celso Machado, além de João de Barro, o Braguinha. No mesmo ano, realizou show no Teatro Municipal de São Paulo do qual resultou um LP gravado ao vivo no qual interpretou obras de sua autoria como "Mágoas de um cavaquinho" e "Pedacinho do céu", e de outros compositores como "Vassourinhas", de Capiba e "Carinhoso", de Pixinguinha.  Em 1980, começou a preparar a gravação de um novo disco, e como era muito meticuloso em seu trabalho, gravou instruções em uma fita cassete tanto para os músicos que o acompanhariam como para o maestro Messias. Faleceu entretanto, poucos dias antes de iniciar as gravações do novo trabalho. O disco foi gravado postumamente com a presença do música Canhotinho, que ficou encarregado de substituí-lo. O LP recebeu o nome de "Luzes e sombras", título de uma composição de sua autoria e teve incluídas as falas gravadas por ele como instrução para a realização do trabalho. Deixou mais de 70 obras de sua autoria e gravou mais de 200 músicas, sendo considerado um marco na história da execussão do cavaquinho. Em 1999, foi homenageado por ocasião dos 50 anos de seu choro "Brasileirinho" com o lançamento de um songbook com sua obra lançado pela Todamérica e com um show na Cobal do Humaitá, RJ, com Henrique Cazes, Omar Cavalheiro, Marcelo Gonçalves e Beto Cazes. Em 2000, foi lançada sua biografia assinada pelos jornalistas Sérgio Cabral e Eulícia Esteves. Em 2003 e 2004, o choro "Brasileirinho" voltou ao cartaz ao ser executado durante as apresentações solo da ginasta Daiane dos Santos inclusive na Olimpíada de Atenas, Grécia. Em 2009, foi homenageado com o lançamento de caixa com três CDs, com produção de Carlos Sion, e com texto e seleção de repertório de Henrique Cazes. Em 2010, foi homenageado pelo ICCA com o sarau "Chorando com Joel", cujo principal solista veio a ser seu herdeiro artístico Ronaldinho do Cavaquinho, que exibiu suas principais composições. No mesmo ano, seu choro "Carioquinha", foi gravado em dueto de violão e acordeom por Dominguinhos e Yamandu Costa, no CD Lado B, do selo Biscoito Fino. No mesmo, sua gravação para o choro "Gosto tanto de você", de sua autoria, foi incluída na coletânea "Chorinho do Brasil - Vol. 2", da Warner Music. Em 2011, foi lançado pelo selo Discobertas em convênio com o ICCA - Instituto Cultural Cravo Albin a caixa "100 anos de música popular brasileira" com a reedição em 4 CDs duplos dos oito LPs lançados com as gravações dos programas realizados pelo radialista e produtor Ricardo Cravo Albin na Rádio MEC em 1974 e 1975. No volume 4 estão incluídas as interpratações feitas por Abel Ferreira e seu conjunto acompanhando a cantora Ademilde Fonseca na interpretação dos choros "Brasileirinho" e "Delicado". Em 2012, sua composição "Arrasta-pé", com Klécius Caldas, até então inédita, foi lançada no CD "Lagrimas e Rimas", da cantora Anna Bello, em interpretação feita em conjunto com Ademilde Fonseca.




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